o ar se rarefaz em ondas espirais
enquanto os pensamentos vagam
e me navego em recantos abissais
porque a pele veste uma saudade
vou recoberto de tolices matinais
não subsiste mais do que um menino
sob a epiderme deste ser que ainda sou
ou nunca fui e nem serei jamais
eu tenho que voltar no tempo etéreo
rever as épocas sofridas
e mutilar antigas dores
raizes de mim
e tudo aquilo que não sou
em vôos panorâmicos da vida
recordo em uma foto esmaecida
aonde me retrato em plena ausência
rebusco o meu futuro no passado
em sonhos antes não imaginados
nas ávidas lembranças que sonhei
arquivos do mes de janeiro, 2005
sonhos do passado
CReiniano
Navegando pelo Orkut descobri uma comunidade de Ex-alunos do Colégio Cristo Rei, em Jacarezinho/PR, onde estudei nos idos de 1963 a 67. Descobri também o site daquele meu colégio de infância e início da adolescência. Um dos colegas cunhou essa expressão “CReiniano” e com ela imediatamente me identifiquei. Ter estudado no Cristo Rei é uma daquelas realidades latentes com as quais nos acostumamos e que jazem adormecidas em nosso inconsciente até que um evento as venha despertar. Nestes dias estou revisitando esta parte fundante do meu passado e resgatando e redescobrindo pessoas e situações marcantes da minha história pessoal. Confesso que a minha memória daquele tempo é um tanto difusa e não consigo aprofundar-me nos detalhes dos fatos e circunstâncias. Minha memória fotográfica é sofrível e os nomes das pessoas sempre foram para mim o calcanhar de aquiles nos meus relacionamentos. Se encontro fortuitamente uma pessoa do passado, normalmente me envergonho muito ao constatar minha amnésia em relação ao seu nome ou à circunstâncias que experimentamos na convivência pregressa.
Não me move o saudosismo mas hoje estou movido de saudades! Então vou postar uma fotografia daquela época, de qualidade prejudicada pelo tempo e capturada pela câmera do Frater Cecílio – o nosso saudoso Fratão. Para não ficar preso ao passado, posto ao lado uma foto recente. Assim, se alguém que me conheceu naquela época visitar esta página terá uma idéia do que o tempo se encarregou de realizar em minha pessoa…
rumos e asas
como o Tom Hanks
em “Forrest Gump”
já pensei em correr
e até corri algumas léguas
costumo ser um cara esclarecido
viajo quando em vez
ando de trem, barcaça ou avião
dirijo um automóvel
ando na boléia de um caminhão
quero o deslocamento
só não me mexo
vivo plantado no lugar
quem sabe na aposentadoria
eu ganhe algumas asas
e mude algumas casas
depois que os dados rolarem
e minhas asas se alarem
encontrando a minha Atlântida
com passagem em Pasárgada
e destino Shangri-lá
impulso
meu peito vai pulsando em latência
pois hoje o meu desejo é colibri
os movimentos são alados multicores
e minha reticência em frenesi
despede-se em comboio barulhento
confesso que amanhã não sei de mim
se o ontem foi letárgico arrastado
agora posso ser o que escolhi
tempos arredios
em tempos arredios
até o meu silêncio é mudo
não confio na eloquência
ou na candura de um sorriso
e a cada palavra ouvida
a minha reticência por resposta
mas sou um arredio sazonal
é quando o alvoroço toma conta
ao som de tilintares e risadas
ferindo todo laço ou compromisso
à força de ironias desregradas
ali já não existe a companhia
e o afeto mútuo é desigual
suporto aquilo um momento
depois me afasto e emudeço
e espero o retorno ao natural
se sinto que é inverno adormeço
interno em meu refúgio habitual
formastes-me iglu – pois o derretas
seduza-me em teu hálito candente
calando este silêncio matinal
já
as imagens impactam
película sensível
arrastam-se após o fim
créditos e a trilha em gradientes
mergulho em reminiscências
e adentro um silêncio branco
que me remete a velhas imagens
já não na tela à frente
de olhos fechados posso vê-las
as imagens se borram na tv
lágrimas distorcem a visão
nítidas as cenas interiores
perscruto o interior do coração
não ligo parecer piegas
não me desfaço das lágrimas
há um que de juvenil
nessa saudade
desejo de solidão
aprofundo o meu silêncio
já não sou mais criança
já não sou mais
já não sou
já não
já
…
problemas nos comentários do blog
Tive um problema com os posts do mes de janeiro e acabei perdendo todos os comentários. Mais tarde vou tentar recuperá-los e transcrever nos respectivos posts. Fiquei chateado com isso, mas são coisas que acontecem quando a gente fica fuçando muito no blog como andei fazendo estes dias. Lamento e peço desculpas aos leitores que tiveram seus comentários perdidos…
questão de números
a vida não se resume em números
apesar de inúmeras teorias contrárias
do que adiantam os milhões no banco
ao correntista morto?!
ele mal é enterrado
os órfãos desconfiados
já repartem os despojos
isso é meu
não, não, é meu
o que isso, claro que é meu
cada um defende o seu
o dinheiro que era um
agora tem muitos donos
e aquela fraternidade?!
a petulância de uns
a arrogância de outros
sempre geram divisões
onde imperam ambições
jamais a paz vai reinar
não sei quantas vezes
nisso ainda vou pensar
melhor eu deixar pra lá…
é só mais uma questão de números
hibernância
ao pensamento alado
o corpo acorrentado
não pode acompanhar
aonde agora andará?…
tento vencer a letargia
e descobrir que novidades
depois de um tempo me trará
meu ideal agora é hibernar
ao menos por algumas estações
já nem me importarei
seja verão ou primavera
seja inverno ou meu outono
morro letárgico de sono
sonhando um novo dia que virá…
força estranha
despido em aconchego
assim me rondo e reconheço
sem os desmandos da hipocrisia
em suas demandas desregradas
frustro a estética da mídia
aonde o belo é feio
e um feio de feiúra escancarada
percebo oposta a realidade
ainda que a idade nos traga seus temores
mas traz também alguns sabores
a carne pode estar trêmula e cansada
mas ainda é viva e a tez suave
carrego ao peito alma febril enluarada
e o viço dos olhos é mantido
a tensa caldeira das entranhas
expele calor sutil e inexplicável
feito vulcão extinto e apagado
donde transborda um vinho inebriante
caudal de ternuras sufocadas
agridoce embriagando vidas
entorpecido ao vazio sublimado
namoro a estrela, beijo a lua
a emitir grunhidos solitários
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