a mente progride em ondas
e as emoções se calam
às vezes ocorre o inverso
não cabendo em versos o que falam
emudeço de noite
e anoiteço em pleno dia
cavalgo um alazão indomado
e vôo em muitas fantasias
sou quem sou
mas quem serei?!
em terra de cego
o rei pode ser caôlho
escolho a réstea de luz
jamais gostei do escuro
se dói a palavra cortante
o silêncio pode ser pior
não cale a minha voz
nem me obrigue a falar
apenas me empreste asas
quem sabe ouse voar…
arquivos do mes de fevereiro, 2005
devaneios
incômodos reflexos
tem dias de brigar com o espelho
nenhuma questão estética
não foi isso desta vez
que se lixe a vaidade
parte dos cabelos branquearam
outra parte rebelou-se
já nem sei por onde anda
o processo é lento
com tempo de acostumar-se
mas… e quanto às fugas
ao esquivar-me das escolhas?
e o conformismo leniente
a omissão deslavada?
se a todos bem convenço
ao espelho quase nada
de culpa em culpa progrido
e de algum modo regrido
ao ponto de disparada
origens
sou ítalo de além mar
de sangue luso também
carrego dos ancestrais
anfibias raças do bem
no terreno derrapante
das cinzas que me formaram
navego o barro moldado
à luz de um farol herdado
rumo a um porto mais além
inconsistência
tendo a consistência de uma bolha de sabão
nem considero a presunção
resgato a ingenuidade adolescente
e quero interferir no enredo
tal iludido protagonista
no palco densamente poluído
ando na contramão
tergiverso
tangencio
sempre vagarosamente
feito o paquiderme
letárgico que sou
só o pensamento é agil
neste corpo frágil
que não soçobrou
vazio
há que se fazer contas
desde as mais simplórias
como nas manhãs em padarias
às mais complexas
como as que se ousam fazer
dimensionando as fantasias
o pensamento é fugaz
um entretenimento veloz
os dedos prendem as frações
de um todo sempre escorregadio
afinal aonde foram parar as delícias
que sonhávamos na juventude?!
nossos olhos secaram
e nos vangloriamos da aridez
de que vale a magnífica estampa
de um vinho sem bouquet
sem aroma e sem sabor
já não se frui do amor
tornado só uma alegoria
em desfiles abertos
na sucessão de vidas vazias
pilhagem
das palavras cortantes
me esqueci – ou finjo…
só lembro o que perdi
pois feito ave de rapina
num súbito rasante pilhaste
algumas migalhas preservadas
naquele solo mais sagrado
pequenas centelhas de mim
salvado das traças(12/09/1986)
Dar vazão às sensações contidas
trazer à tona difusas dores desconhecidas
procurar-se imerso o caudal de aguerridas iras
socar o vazio gritando contra e repelindo o tédio
amealhar remédio interrompendo a queda livre
Onde andarão alquelas alegrias sem compromisso;
e a certeza do tudo bem, a segurança de ter a vida algum sentido?
por que pisando o chão sinto-o escorregadio;
onde depositar e colher algum amor do qual estou faminto?
E meus unguentos
e os quebrantos
e os silêncios
e os acalantos?!
Tudo acabaria bem num quente abraço…
seria tão melhor num regaço estar contido
deleitar-me e dormir ouvindo tuas cantigas de ninar
quedar-me num torpor e dormitar de amor…
saudades
estrelas sempre brilham
é da sua natureza
refulgem enquanto existem
e mesmo partindo
deixam o reflexo do seu brilho
impressos na memória
nesse imenso pontilhado de luzes
inscrustrados em nossa história
Benedito Machado de Lima
ou simplesmente o Tio Dito
é mais uma destas estrelas
que luzem nas lembranças
depois de cruzarem
o limiar desta vida
ingressando no eterno
que sem muita pressa
a todos nos aguarda
lados alados
bem ali lado de lá
pertinho como jamais
alheio ao lado de cá
vou preencher minhas lentes
com visões bruxuleantes
sem te poder enxergar
sinto apenas teu perfume
percebo o teu calor
intuo que me devoras
com ânsias no teu olhar
pudera desintegrarmos
e então unificarmos
novo ser noutro lugar
decifração
hoje sou anverso
sem querer o avesso
ou agir travesso
meio ao carnaval
não carnavalizo
só ouço rumores
rufar dos tambores
ao longe de mim
aproveito as horas
em dolce far niente
me é suficiente
o tempo que passa
persigo a fumaça
e leio os sinais
não desejo menos
não proponho nada
nem pretendo tudo
decifro o enigma
simples do viver
basta não morrer
nem querer demais
-
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