parece fumaça subindo
de vez em quando também desce
a mente gera um pensamento
que ganha vida própria
e vai se distanciando
lanço um pensamento perseguidor
atrás do primeiro que se foi
isso é meio doido
porque a vida pede ajuda
há tanto por fazer
e o pensamento vai cuidar de tudo
então eu fecho os olhos
porém o pensamento continua
apago a luz
o pensamento ganha brilho
ele é meu pai
é meu irmão
ele é meu filho
às vezes me nauseia
vomita muitas letras
em dança desconexa
um pensamento me domina
me engana
distrai
e até ensina
me deixa enlouquecido
já ando rindo à toa
me flagro na garoa
e nem percebo o frio
meu pensamento é rio
eu sou apenas um barquinho
arquivos do mes de julho, 2005
refém do pensamento
angústia à brasileira
estupor
por isto
por aquilo
por tudo
pára o bonde
ou desço andando
e não importa o risco
enfrento o fisco
e o fiasco
tenho asco
deste imblóglio
faltará óleo
aos pinóquios
com seus narizes
emproados
causando náuseas
ao Brasil
e a mim…
reles brasileiro
de pouco dinheiro
todavia honesto
partos de ilusões
me espanto com um sósia invisível
eu o vejo e ele a mim
acho que somos apenas um
fora de nós ninguém vê
ninguém viu
momentos de revolta
e a sonhada explosão
da Rosa de Hiroshima que floriu…
quando a minha mente navegava
no fluído rio das distrações
encontrei debaixo de um gemido
um alvo cravejado
e quase sem sentidos
um velho natimorto
já quase centenário
e não vivido
me disseram que não
mas não consigo afirmar
naquele espelho era eu
ou o esboço que sobreviveu
depois de tanto caminhar
inquietante aconchego
contêm-me um corpo
um corpo que me tem
e que o tenho eu também
então pergunto a mim mesmo
eu tenho um corpo;
eu sou um corpo;
afinal – quem sou eu?
sei onde estou
só não sei perfeitamente
aonde vou, nem quando
o futuro em bons aromas
e agradáveis sabores
extasiantes cores
resta saber aonde
e resta saber quando
enquanto alço passos no caminho
depois me vejo no teu ninho
e então a tudo esqueço
no abraço que acalma
que me sossega a alma
mergulho e adormeço…
reflexos
não se façam perguntas
que sejam orfãs de respostas
pois crédulos não creem
incrédulos professam
nesta vida e não na outra
tudo pode mudar
e quiçá deva
hajam ou não argumentos
me apraz tirar as cascas
ainda que isso torne vulnerável
as íntimas camadas de mim
não sou ninguém pois sou alguém
e não sou nada embora seja pouco
não temo ser taxado louco
quem não o é?!
e tenho muita fé
no ser humano mais intenso
na vida que é bela
e em mim que sou reflexo
imperfeito, tênue complexo
do eterno “EU SOU” que é!…
mar revolto
desfaz o nó da gravata
e solta os laços da mente
nem precisa sair do seu lugar
descalço quer pisar a areia
molhando os pés de espumas
que o sussurro insinuante do mar
arranhe a ambos os ouvidos
e desperte a volúpia dos sentidos
provoquem odores inquietantes
ao movimento de musas morenas
em trajes provocantes
mas seu olhar avança mar adentro
em busca dos golfinhos
cachalotes, orcas e sereias
o sangue estanca em suas veias
seus pensamentos são gemidos
desmaia ou adormece desvalido
desperta em meio a madrugada
lança o olhar perdido ao universo
ninguém por perto
grita por socorro na alvorada
tremendamente só
no mundo totalmente abandonado
então a mão amiga o sacode
e acorda de verdade
liberto dos delírios gotejados
efeito bumerangue
as lojas de conveniência se espalham
em franquias comerciais
que as pessoas adoram
porque lhes é conveniente
passear nos shoppings
e ver a própria imagem nos espelhos
ao lado de produtos sofisticados
em consumismo barato e disparado
às vezes isto custa caro
e neste imenso disparate
pode até faltar o que comer
mas nunca créditos no celular
pessoas no meio da multidão
já nem percebem as demais
as mais próximas
as iguais
e sonham sonhos marginais
de ser o que nunca serão
projetando em fantasias irreais
os bumerangues da desilusão
desnudando devagar
Há certos dias que nos damos conta das embalagens que nos aconchegam. Sejam as paredes da casa, as cobertas bagunçadas ou a roupa que nos recobre a pele. Dias de entorpecimento e lentidão dos pensamentos. Hoje é um destes dias para mim. Lá fora está bastante frio e eu me refugio no calor doméstico. Tento estabelecer contatos mas tudo não passa de monólogos casuais. As pessoas não estão ouvindo umas às outras. Falamos todos ao mesmo tempo e somente ouvimos a nós mesmos. Sinto que está tudo bem e ao mesmo tempo parece que nada vai bem… Algumas pessoas que importam passam por provações, privações e a impotência exerce sobre nós o seu poder. Não há muito o que fazer. Tentamos. Desistimos e ainda corremos o risco de afastá-las em nossas tentativas atabalhoadas de ajudar… Deixamo-las ainda mais sofridas e solitárias. Solidários e calados nós ficamos. Não há, definitivamente, muito por fazer… Não quero correr o risco de sentir-me culpado por estar entorpecidamente bem, ainda que um pouco aborrecido. Não quero aborrecer-me mais e nem entendiar-me hoje! O sábado precede o domingo, o melhor dia da semana. Na verdade é a melhor noite. Sábado para domingo. Corro o risco de ser julgado tolo e o juízo pode ser verdadeiro algumas vezes – e há quem diga, sempre. É que acredito piamente no ser humano embora tenha tantas dúvidas sobre mim. A tolice anestesia certas dores. Por que levar tudo tão a sério? As vezes levo… Mas na maior parte do tempo eu rio de tudo, inclusive de mim… Não tenho certezas absolutas, tenho de absoluto só as muitas dúvidas que carrego. Cultivo-as desde a semente, vejo-as crescer, sorvo e me embrigado com o néctar de seus frutos… não é demência total e nem completa lucidez. Me encanta o descompromisso de flutuar assim no ar rarefeito e improvável do meu quotidiano. Pergunto em voz alta: quem sou eu? O eco não responde, apenas devolve-me a pergunta parecendo não se importar com as respostas… Quero ser, quero estar, quero viver! Quero o sorriso estampado em cada face. Pronto. Esse sou eu! Incrível é que eu gosto disso – de ser assim! Dirão que sou um tolo otimista – tenho que acrescentar: incorrigível, graças a Deus. Nem sei porque comecei meio pra baixo este post. Tudo vai ficar bem! Eu creio, – ou não seria quem eu sou – pode crer!
dura lex
a turba segue atônita
trovejam aos relâmpagos
a terra vai tremer
e a pátria vai sofrer
a ação dos vendavais
dos vândalos vampiros
e párias do poder
quem sabe 3 poderes
dos plenipotenciários
ao conto dos vigários
caminha a massa crédula
incrédulos ao ver
os sons semi-abafados
das mais de 30 moedas
desta nação traída
as togas vão se honrar?
cadeias transbordar?
dura lex sed lex
ou será sed latex?!
só o tempo vai dizer…
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