Eu vou te contar… tá fazendo um frio dos pampas! Tudo está muito igual e cinzento até onde eu consigo enxergar.
Não é que eu veja uma encruzilhada e encontre dificuldade em escolher a melhor opção. Vejo todo um campo aberto à minha frente – são 360 graus de multifacetadas escolhas. Um verdadeiro cassino de apostas com muitas escolhas em pares de verdes e vermelhas. No fim, parece que tudo sempre se resume nestes dois caminhos…
A vida me parece tão metódica, sistemática e bipolar – mas isso me descansa porque tenho muito medo das suas guinadas. A qualquer riso sempre se contrapõe a inevitável incerteza sobre tudo. Sou o fiel mais cético que conheço – isso quando penso sobre quem sou! Gosto de ser assim mas isso costuma me dar um trabalho danado e os pensamentos são tão autônomos – parecem potros indomáveis – embora eu mesmo seja irritantemente previsível.
Porque presto atenção no clima com todo este frio dentro de mim?! Porque faço drama se tudo mais parece uma comédia?! Então vou rir de forma desbragada, vou permitir meu gargalhar descontrolado. Vou liberar a dose de loucura há tanto tempo reprimida… mas também pode ser que não e deixe isso pra depois – não ligo em adiar esse nonsense. Eu só não sei o que fazer com este milênio de saudades…
arquivos do mes de agosto, 2006
milênio
iceberg
um iceberg por idéia fixa
e tá um calor ferrado
ouço no rádio uma notícia
o serviço de meteorologia afirma que vem chuva
com direito a granizo e frio subsequente
meu coração anda irrequieto
seu ritmo sinusal descompassado
ondas revoltas e eu imobilizado
assim como no mundo
é coisa fútil o meu pensar
o câmbio é automático
o freio hidramático
feito um robô
meus gestos são mecânicos
e se houver lágrima
arrisco enferrujar
tento um sorriso lubrificante
ante o ranger de dentes
a me denunciar
tardes ensolaradas
Meu pensamento segue em ciclo acelerado o vento suave desta manhã e uma fina melancolia se insinua. Qual folha seca sou levado pelo rodamoinho modorrento dessa brisa matutina. Inevitável não olhar para dentro e encontrar aquela mesma neblina que insiste em visitar-me quando em vez por mais que passe o tempo. Quando sobrevém não se distingue nada muito além – nem olhando o passado e nem perscrutando o futuro. Sei ou intuo o que há numa e noutra direção, mas falta definição. Advinho os reflexos de sol no horizonte à minha frente e aspiro seu calor preguiçoso. De chuvas só aprecio aquelas torrenciais de verão que invadem e rolam desbragada e voluptuosamente pelo chão sem rompê-lo e ainda deixam um cheiro de terra molhada. Diante de tal visão, desse aroma da natureza, mergulho em reminiscências. Aonde estou agora?! Difícil precisar. Às vezes sou a infância, noutras me vejo nas loucuras da adolescência e raramente me assediam lembranças da vida adulta. O que ganhei ainda tenho mas como dói pensar nos que perdi. E o espelho inclemente revela o ponto em que me encontro e que dia é hoje. Manhã de sábado, como centenas já passadas. Tem sido o melhor dos dias da maioria das semanas já vividas. Amo as manhãs de sábado e na verdade o sábado todo me deleita. Mas hoje está cinzento e quase frio – um sábado atípico. Ainda assim persiste algum calor dentro de mim que impede me render aos arroubos de qualquer melancolia. Sublimo frustrações e espero pelo sol que já está vindo por aí!…
espelho reverso
minha maturidade
parece as vezes recaída adolescente
ou forjo a barra que assim seja
talvez eu busque traços de infantilidade
no espelho desgastado e enternecido
onde não me pareço
é como se a ótica estivesse desfocada
pois só vislumbro ali escombros
e dou de ombros
ao rosto em crepúsculo
nenhuma tensão nos músculos
apenas um olhar cansado
detrás dali
muito além da íris
os sonhos esquecidos
uma trajetória antes do arco-íris
e tudo o que podia acontecer
escrito assim parece o ocaso mas não é
o que foi que não foi bom?
se estou aqui
e dos mais ácidos limões
elucubrei tão doces limonadas?!!!
par perfeito
nos dias chuvosos
evoco os raios de sol
que com calor e brilho
aquecem e enfeitam a vida
nos dias calorentos
busco meus unguentos
e o frescor da primavera
adentro insone as madrugadas
e nas paisagens invernadas
reencontro o que restou
de um momento mágico
que se fez eterno
na lembrança a sós
de nós dois…
-
Meta
memória
- janeiro 2014
- novembro 2013
- março 2013
- janeiro 2013
- dezembro 2012
- novembro 2012
- outubro 2012
- setembro 2012
- agosto 2012
- julho 2012
- junho 2012
- abril 2012
- fevereiro 2012
- dezembro 2011
- novembro 2011
- outubro 2011
- agosto 2011
- junho 2011
- maio 2011
- abril 2011
- março 2011
- fevereiro 2011
- janeiro 2011
- dezembro 2010
- novembro 2010
- outubro 2010
- setembro 2010
- agosto 2010
- julho 2010
- junho 2010
- maio 2010
- fevereiro 2010
- janeiro 2010
- dezembro 2009
- outubro 2009
- setembro 2009
- agosto 2009
- julho 2009
- junho 2009
- maio 2009
- abril 2009
- março 2009
- fevereiro 2009
- janeiro 2009
- dezembro 2008
- novembro 2008
- outubro 2008
- setembro 2008
- agosto 2008
- julho 2008
- junho 2008
- maio 2008
- abril 2008
- março 2008
- fevereiro 2008
- janeiro 2008
- dezembro 2007
- novembro 2007
- outubro 2007
- setembro 2007
- agosto 2007
- julho 2007
- junho 2007
- maio 2007
- abril 2007
- março 2007
- fevereiro 2007
- janeiro 2007
- dezembro 2006
- novembro 2006
- outubro 2006
- setembro 2006
- agosto 2006
- julho 2006
- junho 2006
- maio 2006
- abril 2006
- março 2006
- fevereiro 2006
- janeiro 2006
- dezembro 2005
- novembro 2005
- outubro 2005
- setembro 2005
- agosto 2005
- julho 2005
- junho 2005
- maio 2005
- abril 2005
- março 2005
- fevereiro 2005
- janeiro 2005