amalgamar as cinzas
neste espremedor de idéias
verdadeiro caudal de pensamentos
a conspirar no vazio
sem nenhuma inspiração
retorno ao lugar confuso
– nó de sortilégios –
e de nada adianta
é hora do crepúsculo
adormecem os músculos
despertam os delírios
na saliva dos desejos
merejam instantes de poesia
mas é rebate falso
balde d’água fria
não passam de fantasmas
no meu lusco-fusco vespertino…
arquivos do mes de março, 2008
carrosséis
sem leme
perscrutar as razões
vã filosofia…
mas o sentido mesmo
só na poesia
a dos sentidos
desde o olhar noturno
em toques lânguidos e à revelia
cálido cheiro de romã
a dissipar sabores
ressoando nostalgia
um sexto sentido
esculpe na alma
grávida melancolia
que faz parir a escuridão
na madrugada e à luz do dia
Feliz Páscoa e bom feriado
Respeito todas as opções religiosas e as opções não religiosas também, claro. Entendo que o mais importante é que não hajam intolerâncias ou fanatismos de quaisquer matizes. Respeitar a identidade alheia não significa anular a própria. Eu tenho uma religião – sou católico apostólico romano – participo das missas dominicais e nestes dias, em particular, participo das celebrações pascais que são as mais importantes liturgias católicas que se celebra. Todos os dias faço as minhas orações e busco uma sintonia com o sagrado que, para mim, traz o sentido último do existir. Gosto muito de uma cervejinha nos finais de semana para acompanhar um churrasco ou aquele almoço gostoso de domingo. Mas na quaresma, período que vai da quarta-feira de cinzas até o domingo dé páscoa, eu fico sem me deleitar com esse meu pequeno prazer. Parece pouco. E é. Pelo menos dois efeitos salutares isso me traz: ajuda a moderar o hábito da bebida e a superar o impulso imediatista do prazer. Quando chega a Páscoa celebro a vida e brindo com meus entes queridos com direito a um prato saboroso, uma cervejinha gelada e um pouco de chocolate que ninguém é de ferro. Então a todos os cristãos que me lêem desejo uma Feliz Páscoa, aos demais desejo um bom feriado!
verbo surdo
no verso da palavra há um estopim incendiário
que pede água imaginária e afoga seu rastilho
então se recomeça um outro ciclo perdulário
revisitando palavras estopins e águas em delírio
será que não transcende esse imanente sanguinário
esse desejo incinerante submerso e carmesim?!
me engarrafo tamponado no silêncio
meus olhos ficam tão grudentos …
de onde estou vindo, pra onde estou indo?!
antepassados produziram morticínio
que vaticinam rancoroso odor de morte
o medo camuflado nas manchetes dos pasquins…
enfrentamento e fuga
eros e tanatos
fato inconteste nesta raiva machucada
imotivada e agreste
deambulando em pleno cativeiro
rubra escarlate em seu cheiro
nessa instância amordaçada até o fim…
hmmmmmm
As coisas simples também costumam ser muito mais gostosas de saborear, além de serem saudáveis, vistosas e bem fáceis de fotografar… E ainda tenho na memória afetiva e gustativa o sabor deste arroz de forno que degustei lá pelas bandas de Salvador na companhia de pessoas das mais generosas, acolhedoras e amáveis que conheço… E precisa, – à mesa, – alguma coisa melhor que isso?!…
PS.: Um dos comentários deste post é do Fabiano e ele me elegeu também, além da Biazinha que já o fizera anteriormente, como blogueiro que sabe comentar. Claro que é uma satisfação ter esse reconhecimento agora duplicado! Então, resta agradecer aos dois pela gentileza do selo a mim conferido. Obrigado amigos!
cinzas do cautério
aproximei os lábios ao cautério
num beijo longo e demorado
unindo as duas partes interpostas
nada restou de voz – vivo calado
aproximei meus olhos do cautério
em masoquista olhar descontrolado
queimou-se córnea e íris – a menina
só vejo as labaredas do passado
aproximei meu dedos ao cautério
numa carícia longa e demorada
uni os cinco dígitos da mão
fugi das manipulações travado
aproximei o peito ao cautério
pulsando um coração descompassado
frigiu numa fusão arrependida
e derramou seus magmas cansados
aproximei a mente ao cautério
num pensamento louco acabrunhado
fundi idéias, derreti o cerebelo
agora arrasto os chinelos desvairado
me aproximei inteiro do cautério
em chamas, brasas vivas inflamadas
me consumi buscando a redenção
mas só restaram cinzas espalhadas
(ps.: texto readaptado do meu original por aqui publicado em 25/05/03)
aquém do além
toda situação tem dois lados – no mínimo
nem sempre, mas às vezes ambos são bons
ou poderiam ser se os olhássemos sem medos
pra todo mundo tudo acaba no fim
mas algumas pessoas nem começam
porque se acabam muito cedo
cultivando dores anônimas
assumindo andores estranhos
carregando os vasos sem as flores
na vida é preciso mais
é preciso crer
buscar a rota perdida
apreciar a música
e o silêncio
saber andar, correr e também a hora de parar
um pit stop não é exclusividade da fórmula 1
quem não se dá um tempo
pode não encontrar-se
e ninguém pode perder de vista
a si mesmo
pois quem não consegue gostar-se
não gosta de mais ninguém
a vida é bela
o sol colore as paisagens
e algo grandioso espera além
a todo o que vive bem
ou faz o seu esforço para tal
diuturnamente
aqui no aquém
pernoite
na calada
soava rouca a tua voz
e a cada vez
que ecoava meu silêncio
podíamos ouvir
teu riso cristalino
a acender meus olhos de menino
como se estivessem noutro tempo
a noite avançava sem pressa
mas não medíamos as horas
fomos vencidos pelo sono
os sons se foram extinguindo
nossos corpos dormitantes
em suave torpor sob os lençóis
nenhuma idéia ou projeto de amanhã
abandonados à pertença mútua
na leveza insustentável de um momento
perdido numa noite qualquer
amostra expressiva
do terno encontro das vigílias
fiel retrato de uma vida
íntima ao par
depois do sol se por
e até o novo dia despertar
quatro décadas depois…
estas noites e suas nostalgias
refém de olhares suplicantes
revejo em sonhos velhas madrugadas
me lembra o violão e aquela voz suave
éramos poucos e fiéis
nas noites de sexta rodopiávamos
nas pistas, nas festas e coquetéis
à cata de aventuras inocentes
no máximo alguns excessos etílicos
e no sábado as ressacas matinais
afora isso tudo era tão tranquilo
leve clarão no céu de azul profundo
tantas indefinições então no horizonte
tínhamos cabelos longos, calças jeans
ingênuas crianças de sonhos adultos
ouvíamos raul, beatles e bee-gees
não éramos melhores ou piores
que os garotos dos dias atuais
diferia a moda, a malícia, os interesses
mas em algo éramos iguais
éramos jovens
infusões
no território das sensações
a volúpia dos enganos
escolta tua pele desnuda
retardando a iminência
da lava em ponto de explosão
até o momento inadiável
de sublime instinto
que antecipo e sinto
nos planos da emoção
em teus braços submerso
perco a clareza no verso
e me inundo de paixão
num mergulho denso
esmoreço
e minha identidade difusa
se desvanece na tua
jazem gotas singulares
no plural
dessa fusão
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