O registro dos sentidos é dúbio. A audição tem sido pessimista mas minha visão, paladar e olfato podem se gabar. O tato está em cima do muro embora o gozo costume ser bastante tátil – afinal a pele é o maior dos órgãos humanos. Na soma aritmética de todos os quesitos sensíveis e os intelectivos me dou conta que sou um irremediável otimista. Mas, pensando bem, não é melhor assim?!
arquivos do mes de agosto, 2008
calvário
se revelasse todos os segredos
o que seria do encanto que nos atrai?
a curiosidade esmiúça o ego
o alter e o superego
e quando já nada mais resta
dissecado aos teus pés
te restará o chute solitário
e o calvário sem fim
um pra você
outro pra mim…
como e porquê
pressiono os caracteres
distribuídos no teclado
tentando expressar
meus universos variados
retrato num espelho tosco
nuances do meu rosto desfocado
brinco comigo pra falar de mim
do pouco que conheço
sei o que ontem era
e o que hoje ainda sou
mas amanhã o que serei?
como?!
quando?!
e porquê?!
caminhada
Urgências e malemolências se alternam na rotina. Um plano bem elaborado ou intuitivo é seguido por todos e cada um. Não há como evitar. Até aquelas pessoas mais desorganizadas sabem quais passos deveriam dar para alcançar tal ou qual objetivo. Se a pessoa dá ou não aquele passo já não vem ao caso. Olhando ao redor vemos pessoas com ingredientes e predicados vários que parecem patinar apesar do esforço e outras que aparentemente não tem os mesmos recursos mas nadam de braçada na sua trajetória de vida. Minha tese para explicar estas aparentes incongruências se relaciona ao foco de cada um. Quem tem um olhar alçado para os seus objetivos imediatos e a médio e longo prazo sabe onde quer chegar, poupa energias e encontra atalhos para abreviar sua conquista das metas almejadas. Quem vive cabisbaixo tentando decifrar o próprio umbigo navega em círculos, sem rumo e às vezes na contramão. É preciso enxergar ao menos tres pontos do caminho: aquele do próximo passo, aquele mais longínquo que a vista alcança e aquele que supera a linha do infinito e é visto com o olhar da fé… Só a consciência dos passos no caminho, o olhar atento e o coração embevecido oferecem ao caminhante a força e a certeza de chegar.
monólogo refletido
E aí, tudo bem? Sério, tem horas que bate um tédio daqueles. Mas tudo certinho, fora alguns detalhes que não pesam e nem vale a pena reclamar. Uma pomadinha, um sorriso, um “me desculpe” e tudo bem. Mas a finitude da condição humana, certa compulsão consumista, as dúvidas metafísicas – tudo isso – fazem com que um cidadão se sinta as vezes engolido por um imenso ponto de interrogação. ¿O que será do amanhã? Do ontem não há muito o que falar porque já passou e do hoje é preciso esperar algumas horas para a gente se pronunciar que ninguém é de ferro pra responder algo assim de bate pronto. Por falar nisso, você percebeu como anda o tempo ultimamente? Instável feito bunda de neném. Mas isso é balela porque há uns quarenta anos eu já ouvia essa conversa. No fundo, no fundo, nada de muito importante muda na vida, exceto a fisionomia que, inclemente, o espelho esfrega na cara da gente…
orvalho
fale por mim
furtivo orvalho
expresse meu silêncio
revele sob a florada
futura morada
sob as lápides
cobertas de pétalas…
maturação
Tenho alguma dificuldade com o foco. Atento para o conjunto e não vejo a parte, me fixo na parte e perco de vista o conjunto. Dou passos a esmo algumas vezes e quase sempre conto com o acaso para que as coisas se acertem. Geralmente se acertam. Um pouco porque sou sereno e paciente. Até a minha ansiedade que me devorava no passado perdeu muito de sua força e já me sinto capaz de esperar os acontecimentos se desenrolarem sem precipitá-los como dantes o faria. Não me sinto mais criança e também ainda não me sinto velho. Mas é conveniente me dar conta que os anos se passaram e às vezes parecem acelerar-se… O que é mais relevante é o fato de que me tornei mais tolerante, mais hábil no trato e mais capaz de dosar a vida com humor – é muito bom aprender a rir das próprias falhas e bobagens. Deve ser a maturidade rondando. Sempre achei, mas agora tenho convicção: quase sempre é possível administar a vida de forma a torná-la agradável e boa. Procurar viver bem não tem preço e pode me incluir nessa.
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