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na juventude tudo que é bom apetece
e o pobre jovem só aspira e suspira
sonha com o futuro possibilitador
e o futuro vem depressa
e torna possível o que não era
mas no passado ficaram
aquela sede e aquela fome
poder agora até pode
mas o que então apetecia
já não mais lhe apetece…
arquivos do mes de dezembro, 2010
impasse dos anos
primeiro e último
.
no primeiro dia
nada negado
e eu não sabia
fui enganado
a generosidade fria
de alguns trocados
que eu não pedia
dos teus guardados…
no último dia
nada ofertado
e eu queria
ter enganado
misturar minha frieza
com teu calor gelado
a derreter certezas
acumuladas…
coisa pública & privada
As enxurradas tem levado muitas coisas rio abaixo. Sempre acontece isso entre dezembro e janeiro. Além do óbvio sofrimento das vítimas diretas – com muitas mortes e perdas materiais, observa-se que os ciclos da natureza não são compreendidos, respeitados e assimilados pelo ser humano. Uns se instalam em áreas alagadiças por falta de opções somada à ignorância, outros – os que gerem a coisa pública – assistem passivos à inclemência das intempéries e ainda aparecem como pretenso salvadores da pátria frente às câmeras em momentos de calamidades para em seguida placidamente repousarem em seus leitos sempre limpos e bem cheirosos. Planejamento, urbanização, realocação de moradias para os que vivem em áreas de risco – disso não se fala e muito menos se faz. E não se diga que nada há para fazer… há sim, e muito. E o que se pode fazer nem demanda um rio de recursos – mesmo com pouca verba mas com muita vontade política se pode realizar muitas mudanças estruturais nas cidades, especialmente naquelas intensamente povoadas onde é fácil instalar-se o caos e onde, invariavelmente, se instalam as más gestões sucessivas que simplesmente costuram obras de caráter cosmético onde as soluções reclamam medidas estruturais… e na hora do voto o que fazemos?! Botamos lá de novo estes mesmos incompetentes de sempre com a coisa pública mas que sempre se revelam surpreendemente capazes com a privada…
colação de grau
Hoje é o dia em que devo colar grau como bacharelando em teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção.
A cerimônia da colação será precedida de uma missa em ação de graças pela conquista dos alunos com o apoio dos familiares e seu círculo de amigos.
Concluído este capítulo – e para não perder o pique e o ânimo – quero começar um nova aventura acadêmica na maturidade. A partir de fevereiro de 2011 estarei novamente frequentando a academia (PUC-SP), agora em nível de mestrado, na área de Sistemática, mais especificamente em História da Igreja Contemporânea. Pretendo pesquisar e dissertar sobre o Pontificado de Pio XII e as questões candentes de seu posicionamento frente à Shoah (termo preferido a Holocausto, neste contexto).
Volto a escrever sobre isto quando as pedras já estiverem rolando nessa direção…
clima de natal
O clima de dezembro tem nuances, uma do próprio tempo climático – por assim dizer, e outra relativa a uma espécie de sentimento nostálgico de um lado e afetivamente aconchegante, de outro. Mas tem horas que dá raiva do movimento consumista que rola na mídia e no comércio de rua ou mesmo online. Tanta propaganda enganosa prometendo o céu na terra em formato de bens duráveis ou etéreos. Ignoro completamente esse movimento e com isso algumas pessoas até se ressentem comigo imaginando que se não as presenteio é porque não gosto delas. Na verdade, presenteio só os meus netos porque me parece inevitável contemplar as expectativas infantis. Mas o que gosto de fazer nesta época é refletir mais demorada e atentamente sobre o Aniversariante e me esforçar acima do habitual para transmitir calor humano aos que convivem ou vivem próximo de mim pelos mais diversos motivos. Natal, para mim, não tem a ver com Papai Noel ou com uma enxurrada de presentes. Natal é um tempo de construir a paz, sustentada pelo exemplo d’Aquele que é chamado o Príncipe da Paz! (cf Is. 9,6).
tempo eterno
.
fim de um tempo
fim de um ciclo
repetido ano a ano
pensamentos recorrentes
no dobrar de uma esquina
onde a incerteza se revela
e o desconhecido está lá
mostrando a cara
e refazendo as cenas
é o passado no presente
e vamos seguindo avante
desbravando novos tempos
até chegar ao destino
tão temido e desejado
no qual o portal se abra
esvaindo eterno adentro…
menino grande
Ele cresceu mas ainda me lembra o menino adolescente que conheci. Tem um universo interior de uma riqueza invejável e acho que ainda não sabe com toda a clareza a gama multiforme de suas potencialidades. Não acredito no acaso e por isso creio que a amizade que nos une reserva surpresas as mais bonitas. Assim como conheço a sua cara metade, hei de conhecer seus filhos e vê-lo progredir entre sucessos e realizações no âmbito do trabalho, da afetividade familiar e da sua personalidade em franca expansão – mesmo que ele disto não se aperceba tanto. Ah, o nome do menino agora homem, mas que espero conserve sempre alguns traços do menino que um dia conheci… bem, o nome dele é… Maucir!
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