(e da imagem às palavras)
Embora haja uma infinidade de momentos muito iguais entre si, na verdade eles nunca se repetem. E algumas circunstâncias, então, são absolutamente atípicas em nossas experiências existenciais.
Já disse em post anterior que passei muito recentemente alguns dias em companhia do Wladi. O pretexto para tanto – na verdade, a necessidade – repito aqui, foi um problema na coluna cervical que já havia sido precedido por outro na lombar. A partir das descobertas que vamos paulatinamente fazendo a respeito dos predicados dos nossos contatos virtuais, constatei que o Wladi é um ser polivalente e entre suas aptidões regulares se encontram a massoterapia e quiropraxia. Meu problema parecia talhado para o seu solucionante trato terapêutico.
Havia a dificuldade com a distância – Porto Alegre não é exatamente uma cidade vizinha a São Paulo – entretando a aviação encurta as distâncias e as promoções comerciais das companhias aéreas nos possibilitam viagens venturosas. Benditas promoções! Encarei algumas, adquiri passagens e lustrei a cara de pau para avisar o Wladi que estava de malas prontas para a capital sul riograndense.
Chegando a Porto Alegre, encontro Wladi à minha espera e embarcados no santana fizemos rapidamente o percurso até seu apartamento.
Quanta saliva gastamos durante o primeiro dia é algo de difícil mensuração – mas acreditem – deve ter sido reaproveitada no mais novo e criativo projeto wladiano.
As horas se passavam e nada de tratamento colunar… quando a noite já ia avançando perguntei e então meu amigo notívago convidou-me ao trabalho. Entre temeroso e excitado pela novidade e perspectiva de encontrar conforto para a minha cervical já bem judiada pelas dores acumuladas, segui-o como um discípulo obediente nos movimentos de alongamento – ainda que as minhas juntas, articulações e músculos não cooperassem como eu desejaria. Após bastante alongado e aquecido o Wladi partiu para a massoterapia e a quiro, em seguida. Ao final da sessão me disse que, dependendo da minha reação muscular ao tratamento ele prosseguiria no dia seguinte com o mesmo tipo de massagem ou alternaria as sessões com massagens relaxantes.
Quando “subi”, ops, desci para o apartamento que me havia sido reservado – apesar de todo dolorido pelo trabalho muscular bastante intensivo para a minha sedentaridade confessa – praticamente caí desmaiado na cama tamanho era o meu sono. Massagem, definitivamente, me dá sono!
Dia seguinte acordei muito bem e disposto a enfrentar uma reedição do trabalho da véspera e assim foram nos dias sucessivos de minha permanência com o Wladi. Seriam 5 sessões, mas resolvi solicitar uma sexta para finalmente ter a experiência de uma massagem relaxante – caso contrário teria voltado sem a ter experimentado. As massagens terapêuticas são excelentes para ajudar na preparação para os ajustes da quiropraxia, mas a massagem relaxante é, sem dúvida, a que ajusta a percepção do corpo que o homo occidentalis vai perdendo na loucura de seu atribulado quotidiano. E não sou exceção.
Teria muitos detalhes mais a acrescentar mas o texto já está por demais dilatado. Só quero aduzir, ainda, que depois de todas as sessões eu finalmente consegui, de forma incipiente, é verdade – tocar com as mãos espalmadas o chão, mantendo as pernas esticadas, além de reproduzir, ainda que de forma um tanto torta e desequilibrada, a postura do “caipira”, algo que parecia muito remoto para as minhas possibilidades, à chegada.
Sou uma pessoa bastante religiosa e não tenho a menor dúvida que Deus faz milagres. Mas aprendi que também os ateus são capazes de realizar milagres – e o Wladi, por sinal um ateu professo com mais virtudes cristãs que muitos de nós – também realiza alguns verdadeiros milagres no dia a dia de seus pacientes. Hosanas, pois, ao Wladi nosso de cada sessão alongomassoquiroterapêutica…
Uma outra experiência que fiz questão de ousar, na ótima companhia do Wladi e Sara, foi a de degustar as refeições em bases vegetarianas de acordo com o costume de ambos. Me surpreendi com a facilidade com que me adaptei ao cardápio saboroso que é possível a partir da variedade de cereais, legumes, frutas e outros vegetais que a nossa pródiga natureza fornece. Estou bastante balançado a este propósito de uma vida vegetariana – mas não quero apenas mimetizar uma atitude bonita e razoável. Se vier a adotar a prática ela terá nascido da admiração inicial alimentada pela reflexão e autoconscientização. No momento estou pensando nos animais que, como diria São Francisco de Assis, também são nossos irmãos…
PS.: como transpiro música dos anos 60 por todos os poros afetivos, não resisti a imitar o Camafunga e colocar aí na coluna direita do blog algumas músicas prediletas, que tocam na minha Radio 40+.