H@ vida depois dos 60

…com pensamento, opinião e poesia em doses homeopáticas…

arquivos do mes de fevereiro, 2011

películas sociais

O genial normalmente está separado do ridículo apenas por uma tênue película que pode se romper, confundindo-os, até mesmo com algum suspiro mais prolongado.
As pessoas muito criativas não tem noção desse risco e em sua espontaneidade costumam cruzar estas fronteiras com certa graça e leveza. É isso que faz que aquilo que seria ridículo deixe de sê-lo nestas circunstâncias. Mas onde as pessoas vivem muito empertigadas no exercício de seus papéis sociais geralmente prevalece o ridículo onde supõem os bacanas haver criatividade.

Em sociedade também é comum assistir-se a jogadas arriscadas e beirando ao ridículo, em que um adversário aparentemente cordial conspira com a intenção de aplicar rasteiras naquele que considera seu oponente. Não raro cutuca o enxame para usufruir das ferroadas em carne alheia – o problema é que as abelhas não fazem a distinção e acabam ferroando mais a quem está mais perto – o conspirador, no caso.
Porque toda essa elucubração? Ah, são apenas algumas ideias inspiradas em fatos reais no entorno… vai dizer que nunca viu algo assim acontecer aí pertinho de você?!

pensado por Tarciso (2) comentários

do purgatório ao paraíso

                                          (e da imagem às palavras)

Embora haja uma infinidade de momentos muito iguais entre si, na verdade eles nunca se repetem. E algumas circunstâncias, então, são absolutamente atípicas em nossas experiências existenciais.
Já disse em post anterior que passei muito recentemente alguns dias em companhia do Wladi. O pretexto para tanto – na verdade, a necessidade – repito aqui, foi um problema na coluna cervical que já havia sido precedido por outro na lombar. A partir das descobertas que vamos paulatinamente fazendo a respeito dos predicados dos nossos contatos virtuais, constatei que o Wladi é um ser polivalente e entre suas aptidões regulares se encontram a massoterapia e quiropraxia. Meu problema parecia talhado para o seu solucionante trato terapêutico.

Havia a dificuldade com a distância – Porto Alegre não é exatamente uma cidade vizinha a São Paulo – entretando a aviação encurta as distâncias e as promoções comerciais das companhias aéreas nos possibilitam viagens venturosas. Benditas promoções! Encarei algumas, adquiri passagens e lustrei a cara de pau para avisar o Wladi que estava de malas prontas para a capital sul riograndense.

Chegando a Porto Alegre, encontro Wladi à minha espera e embarcados no santana fizemos rapidamente o percurso até seu apartamento.
Quanta saliva gastamos durante o primeiro dia é algo de difícil mensuração – mas acreditem – deve ter sido reaproveitada no mais novo e criativo projeto wladiano.
As horas se passavam e nada de tratamento colunar… quando a noite já ia avançando perguntei e então meu amigo notívago convidou-me ao trabalho. Entre temeroso e excitado pela novidade e perspectiva de encontrar conforto para a minha cervical já bem judiada pelas dores acumuladas, segui-o como um discípulo obediente nos movimentos de alongamento – ainda que as minhas juntas, articulações e músculos não cooperassem como eu desejaria. Após bastante alongado e aquecido o Wladi partiu para a massoterapia e a quiro, em seguida. Ao final da sessão me disse que, dependendo da minha reação muscular ao tratamento ele prosseguiria no dia seguinte com o mesmo tipo de massagem ou alternaria as sessões com massagens relaxantes.

Quando “subi”, ops, desci para o apartamento que me havia sido reservado – apesar de todo dolorido pelo trabalho muscular bastante intensivo para a minha sedentaridade confessa – praticamente caí desmaiado na cama tamanho era o meu sono. Massagem, definitivamente, me dá sono!

Dia seguinte acordei muito bem e disposto a enfrentar uma reedição do trabalho da véspera e assim foram nos dias sucessivos de minha permanência com o Wladi. Seriam 5 sessões, mas resolvi solicitar uma sexta para finalmente ter a experiência de uma massagem relaxante – caso contrário teria voltado sem a ter experimentado. As massagens terapêuticas são excelentes para ajudar na preparação para os ajustes da quiropraxia, mas a massagem relaxante é, sem dúvida, a que ajusta a percepção do corpo que o homo occidentalis vai perdendo na loucura de seu atribulado quotidiano. E não sou exceção.

Teria muitos detalhes mais a acrescentar mas o texto já está por demais dilatado. Só quero aduzir, ainda, que depois de todas as sessões eu finalmente consegui, de forma incipiente, é verdade – tocar com as mãos espalmadas o chão, mantendo as pernas esticadas, além de reproduzir, ainda que de forma um tanto torta e desequilibrada, a postura do “caipira”, algo que parecia muito remoto para as minhas possibilidades, à chegada.

Sou uma pessoa bastante religiosa e não tenho a menor dúvida que Deus faz milagres. Mas aprendi que também os ateus são capazes de realizar milagres – e o Wladi, por sinal um ateu professo com mais virtudes cristãs que muitos de nós – também realiza alguns verdadeiros milagres no dia a dia de seus pacientes. Hosanas, pois, ao Wladi nosso de cada sessão alongomassoquiroterapêutica…

Uma outra experiência que fiz questão de ousar, na ótima companhia do Wladi e Sara, foi a de degustar as refeições em bases vegetarianas de acordo com o costume de ambos. Me surpreendi com a facilidade com que me adaptei ao cardápio saboroso que é possível a partir da variedade de cereais, legumes, frutas e outros vegetais que a nossa pródiga natureza fornece. Estou bastante balançado a este propósito de uma vida vegetariana – mas não quero apenas mimetizar uma atitude bonita e razoável. Se vier a adotar a prática ela terá nascido da admiração inicial alimentada pela reflexão e autoconscientização. No momento estou pensando nos animais que, como diria São Francisco de Assis, também são nossos irmãos…

PS.: como transpiro música dos anos 60 por todos os poros afetivos, não resisti a imitar o Camafunga e colocar aí na coluna direita do blog algumas músicas prediletas, que tocam na minha Radio 40+.

pensado por Tarciso (2) comentários

era uma vez uma amizade virtual

Na vida é assim, tudo se transforma. Para o mal ou para o bem, tudo se transforma.
No caso em questão, ainda bem, para o bem!
Meus problemas de coluna que nem são muito antigos, com algum desconforto na lombar e outro tanto mais recente na cervical, me fizeram dar tratos à bola para encontrar uma solução. Não sou de me conformar com situações desconfortáveis.
Pensei em procurar um ortopedista, e procurei. Depois de um raio xis e uma ressonância magnética, o diagnóstico quase zoológico: um bando de bicos de papagaios que, tecnicamente, tem o nome de osteofitos. Menos mal porque a primeira impressão do ortopedista era a de que se tratasse de uma hérnia de disco. A primeira recomendação foi o uso de um colar cervical e mais uma sessão de fisioterapias. Não me agradei nem da primeira nem da segunda sugestão e continuei a procurar alternativas. Depois de muito escarafunchar a mente me ocorreu o óbvio: o meu amigo Wladimir, que apesar de seus neurônios fritos, é um excelente massoterapeuta e quiropraxista. O único senão é que o cara mora em Porto Alegre pois se morasse em Sampa já o teria procurado desde os primeiros sintomas. Mas veio a calhar que tirei alguns dias de férias e misturei o prazer com a dor, fazendo um pequeno périplo até a capital sul riograndense onde, ontem à noite, padeci no paraíso por ocasião da primeira sessão de massoquiroterapia… Falei pro Wladi que ia contar pro mundo – pelo menos para esse meu pequeno mundo virtual – sobre alguns episódios dessa aventura que encetamos juntos.
Bem, para concluir esse capítulo, vou dizer que perdi um amigo virtual. Em compensação, alvíssaras, ganhei um verdadeiro amigo no mundo real…
E no meio dessa ventura toda, até pode ser que me encontre com outro amigo do mundo virtual, também aqui das plagas sul riograndenses, o Camafunga, o que seria o máximo em termos de amizade virtual se realizando numa mesma viagem.
E espero que não fique em uma visita só, mas que possamos escrever ainda novos episódios!!!
Ao Wladi, pois, um brinde de gratidão!

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