da estima que se tem
a baixa não convém
e é tão comum em dias atuais
que se fale tão mal de si
se negam os valores verdadeiros
no afã das críticas
parece moda
por paradoxo, até parece elogio
taxar-se em inglês de mau menino
medíocre, balofo ou de moral franzina
ou que se trate um traste de vizinho
já não se vê o Autor da criação
na Sua santa alegria de saber
que tudo que criou é muito bom
então já posso me sentir de bem comigo
e quando eu sofrer não é castigo
provém sempre de escolhas que se faz
a minha própria escolha – e às vezes as alheias
refletem no caminho e no que sou
se nada sou – isso também em nada importa
o que vale é a sorte de existir no amor
e isso sim suplanta a própria morte
se vivo é porque D’Ele tenho a vida
e tudo o que há de belo no viver
arquivos do mes de setembro, 2005
vida bela (2)
pétala(11/02/03)
dum vaso descuidado algumas pétalas
a primeira delas que tomei – amarfalhada
podia ter morado em tua agenda
e marcado o nosso dia mais feliz
a segunda preservada em sua tez
macia e lúbrica de ver – à perfeição
retrato do que fomos algum dia
a terceira – intermédia – parcial
metade plena e a outra machucada
desnuda o sonho mostra a realidade
e finalmente uma quarta pétala
ou o que dela um dia havia sido
e hoje equivale a um retrato de nós
só resíduos do perfume inebriante
suavizado pelo tempo subsiste
valha-me Deus e o diga quem souber:
porque será que após os trinta
o tempo voa tão depressa?!…
vida bela
ah como a vida é bela
por isso choramos as ausências
de quem nos deixa
não suportamos o vazio
e o preenchemos de saudades
depois de muito pranto a calmaria
sorrisos tímidos enfeitam nossa face
ninguém morreu…
o fim é aparente e nunca é de verdade
olhando o céu de estrelas
algumas tem pra nós um novo brilho
um pai
uma mãe
órfãos da lucidez
quando é um filho
aí reinventamos a saudade
do nosso futuro de estrelas
antigas estações
me lembros dos grandes armazéns
e seus tons pastéis envelhecidos
o aroma do café recendia pelo ar
mas tudo me soava indiferente
os prédios insossos, as construções dolentes
não entendo hoje essa saudade
dos trilhos de ferro em traçados paralelos
o trem sinuoso e impertinente
perturbando a paisagem
com seu barulho e movimento
eu era só um adolescente
e era tão impaciente
refém das tardes modorrentas
que insistiam em se arrastar
ao som intraduzível das cigarras
distraído palmilhava os dormentes
não dá mais para voltar
e do ponto onde estou
a saudade rói
a saudade dói
dos armazéns irreais
e tantas fantasias que guardavam
chorei as partidas
sonhei as chegadas
nas muitas estações
ao apito dos trens…
eis o Bruno Augusto
O Bruno Augusto,
a quem já acostumei
chamar de “Bruninho”
sem mesmo tê-lo ainda encontrado
é a pessoinha que eu imaginava
um polaquinho lindo
parecido com as maninhas
Nana e Gaby
e eu sei que o Gê e a Angélica
são pai e mãe babões
e não poderia ser diferente
ele não é lindinho mesmo gente?!
Vou aí Bruninho pra te pegar no colo
e te apertar no peito
com todo o carinho
de tio
assim que o tempo
me levar pra perto
pois o meu coração
nunca fica longe
banzo
fotografei o que não via
quando olhei seus olhos
flagrei aquela lágrima furtiva
escondida num esboço de sorriso
joguei meus braços ao redor
enlaçando teu corpo com ternura
precisávamos falar de tantas coisas
e recordar as nossas lendas do passado
momentos irreais em mil lembranças
não éramos mais do que crianças
imaginávamos saber da vida
e era belo tudo o que sabíamos
depois do fim do dia
viria a noite, a madrugada
e um resplendente alvorecer
porque acreditávamos assim
então dançávamos colados
ao som de lânguidas melodias
roçando nossas peles mornas
embriagados em tremores de prazer
e os beijos que irrompiam
na fusão dos seres
uniam nossas vidas
esvaziando todos os vazios
preenchendo toda a sede de viver
nós éramos tão bonitos
naqueles tempos fulgurantes
quando o amanhã somente prometia
nascer de novo em lindo dia
bastava-nos somente amanhecer
Sérgio Ricardo – um Cidadão do Céu
foi tão intensa a alegria
de ver a mana sorrindo
quando nasceu meu sobrinho
bebê tão lindo e sadio
e o brilho de seus olhinhos
ao dar os primeiros passos
brincando com o irmãozinho
e aquele garoto alegre
cresceu, virou rapazinho
tão belo quanto em criança
era um rio de esperança
a encher os nossos dias
casou, gerando uma filha
fazendo as vovós corujas
enchê-la com seus carinhos
mas nem tudo deu tão certo
e os que estavam por perto
viram seus olhos vermelhos
desfazendo a sua casa
retornando ao lar materno
onde esteve por primeiro
refazendo a sua vida
ao lado da mãe querida
nosso valente guerreiro
e o sorriso que faltava
de novo lhe enfeitava
o seu rosto por inteiro
na sua filha um tesouro
e a namorada de ouro
que a sorte reservara
ficou tudo tão bonito
que parecia infinita
a alegria do porvir
e assim fez o seu passeio
brincou e correu de kart
feito um garoto na arte
de alegrar os ambientes
mas voltando para casa
para encontrar as amadas
mãe, filha, vó e namorada
teve a vida interrompida
numa curva do destino
agora o nosso menino
presente na eternidade
revela aquele sorriso
misto de sonho e bondade
pra infinita majestade
de Deus que mora no céu
enquanto nós cá na terra
vertemos o nosso pranto
que não é de desencanto
pois choramos de saudade
porque a bem da verdade
sua vida foi tão bela
e teve a missão cumprida
bem antes que a maioria
de nós na vida completa
preciso enxugar meus olhos
lembrando do seu olhar
e sua voz doce e meiga
me chamando de “tiozinho”
choro o nosso garotinho
que sempre foi e será
da dona Dirce netinho
e da Lu um filho amado
da Giulia pai adorado
da Carol todo o carinho
amigo e irmão do Eduardo…
saudoso Sérgio Ricardo!
deserto e oásis
é mais uma tese
em busca de epílogo
para um tempo vivido
em desejos impedidos
abraços arquivados
num universo de ternura
propenso a desaguar
ora estou deserto
pensamento árido
jeito melancólico
na iminência de chorar
só falo das lágrimas
pra não derramar
porém quando o faço
brota em mim oásis
e uma nova fase
a regenerar
-
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