na fuga
um travo de fel
na busca
um favo de mel
mas nenhum naco recebi
lépida partiste
e no silêncio morto
me envolvi
voaste em solo
deixando-me sozinho
a trinar desafinado
desarvorado colibri
arquivos do mes de janeiro, 2005
colibri
sublimações
Nem só de poesia o viver. Às vezes tenho gana de render-me ao sorvedouro das mudanças. Encetar uma viagem bandida sem portos delineados. Romper todas as instâncias dos consensos, da decência, das censuras. Mas o passo não é alçado e a saliva é engolida sem o naco desejado. Sublimo. Reprimo. Choro de saudades de algo que não foi vivido e nem completamente sonhado. As culpas sobrevêm. Me abastei de bem-estar. Sinto-me envolvido em atmosfera serena. Ausente apenas o fator surpresa. As mais intensas interjeições exclamativas não pertencem ao meu universo. Meu mover é metódico, milimétrico, completamente previsível… Quando tudo está bem, tudo está bem. Quando algo não vai bem, nada vai bem… Desabafo. Desafogo. Me volto ao meridiano propenso a fugir das sombras… Agradecido constato o óbvio nem sempre ostensivo ou encantador: estou bem vivo e vivo bem. Isso devia bastar e me fazer transbordar gratidão. Mas não… E vem o arrependimento por me render aos lamentos sem ter o que lamentar…
sobrevôos
sou perfeita imperfeição
quando me vejo no chão
tenho asas pra cuidar
e quando plano liberto
vejo a terra a descoberto
onde tenho que pousar
transmuto meus elementos
água fogo terra e ar
queimo as dores
bebo as flores
do meu aterro um hangar
nele habito e descortino
um infinito voar
desejos
desejos plenos
planos em ciclos
que rodopiam
volvendo ao mesmo lugar
há que recomeçar
nesta lágrima pingente
rolando a face enxuta
febril cansaço das lutas
e as letras despejadas
carregadas de non-sense
dimensões quase minúsculas
já fulgura alaranjado
meu crepúsculo solar
adentro às quatro luas
de alma nua
querendo calar
no embriagante silêncio
a ruminar os desejos
sublimados ternamente
nos porões da minha mente
e em seus desvãos inocentes
onde podem sem censura
em clausura se abrigar
porvir
contemplo uma infinidade de paradoxos
situações inverossíveis que incomodam
mas a vida as encaixa em seu bojo
carrego silencioso meus estojos
entre os lápis-de-cor da infância
que muitos arco-íris desenharam
e dramas de certos acontecimentos
momentos marcantes
que fizeram cicatrizes e se eternizaram
se ostento agora um sorriso largo
é porque graças a Deus as tenho superado
e talvez sejam até minha riqueza
força e perseverança dos meus passos
na inconstância das certezas perseguidas
me sinto agora bem-aventurado
e espero prosseguir
rumo a um porvir ainda mais abençoado
-
Meta
memória
- janeiro 2014
- novembro 2013
- março 2013
- janeiro 2013
- dezembro 2012
- novembro 2012
- outubro 2012
- setembro 2012
- agosto 2012
- julho 2012
- junho 2012
- abril 2012
- fevereiro 2012
- dezembro 2011
- novembro 2011
- outubro 2011
- agosto 2011
- junho 2011
- maio 2011
- abril 2011
- março 2011
- fevereiro 2011
- janeiro 2011
- dezembro 2010
- novembro 2010
- outubro 2010
- setembro 2010
- agosto 2010
- julho 2010
- junho 2010
- maio 2010
- fevereiro 2010
- janeiro 2010
- dezembro 2009
- outubro 2009
- setembro 2009
- agosto 2009
- julho 2009
- junho 2009
- maio 2009
- abril 2009
- março 2009
- fevereiro 2009
- janeiro 2009
- dezembro 2008
- novembro 2008
- outubro 2008
- setembro 2008
- agosto 2008
- julho 2008
- junho 2008
- maio 2008
- abril 2008
- março 2008
- fevereiro 2008
- janeiro 2008
- dezembro 2007
- novembro 2007
- outubro 2007
- setembro 2007
- agosto 2007
- julho 2007
- junho 2007
- maio 2007
- abril 2007
- março 2007
- fevereiro 2007
- janeiro 2007
- dezembro 2006
- novembro 2006
- outubro 2006
- setembro 2006
- agosto 2006
- julho 2006
- junho 2006
- maio 2006
- abril 2006
- março 2006
- fevereiro 2006
- janeiro 2006
- dezembro 2005
- novembro 2005
- outubro 2005
- setembro 2005
- agosto 2005
- julho 2005
- junho 2005
- maio 2005
- abril 2005
- março 2005
- fevereiro 2005
- janeiro 2005