chuvas torrenciais
temperaturas tórridas
só o coração em sobressalto
ainda é capaz de congelar
frente ao nonsense dos fatos…
nonsense
seguindo avante
antes da nova estação
depois do fim do verão
é sempre tempo de amar
porque o tempo cobra
os afetos ausentes
os medos inclementes
e a dor inútil
mas nos devolve com juros
todo gesto amigo
e todo expor ao perigo
depende qual a escolha
e eu hei de prosseguir
sem tirania das bússolas
sem mapas escondidos
sem máculas na mente
deixando que o vento leve
e que venha a chuva e lave
toda a nudez da alma
e me deixe navegar…
ao nível do mar
aspiro a redenção
e se puder a quarta dimensão
meu ego desinflado
flanando como um raio domesticado
iluminando as manhãs
de todas as feiras
e dos finais de semana
enquanto é férias
perduro singular
multiplicando as vidas
como nos games infantis
explorando as encostas
a te levar nas costas
aonde quer que vás
sempre ascendendo
embora o corpo envelheça
e a tez padeça
e enquanto o tempo corre
no verso rejuveneço
e não padeço ao flutuar
nível do céu, depois da terra
por fim do mar…
eterna criança
os estilhaços que se alojam na alma
numa noite quente ou numa tarde calma
podem se mexer
e quando isso acontece
a dor irrompe feito um maremoto
produzindo gemidos inconfundíveis
e doses maciças de analgésicos
o sono então é doentio
e mil delírios tomam conta
onde está a mãe que se foi
onde está seu unguento perfeito
o seu acalanto
o calor do seu peito?!
o ser humano
é uma eterna criança…
caminho
os ciclos me reciclam
e enquanto o tempo envelhece
surgem tenras personagens
a preencher de vida
o horizonte da gente
reduzo expectativas
baixo a guarda
e o medo da ferida
esqueço o desempenho
e já não proponho
não amparo pretensões
não me abalam presunções
apenas navego os sentidos
descobri que assim me refugio
das tempestades
e me abrigo
nas calmarias que há em mim
improviso palavras
embalo pensamentos
e não faço juramentos
apenas sutil caminho
ensaiando distraído
cada passo em meu lugar…
Feliz 2010!
Olhando a juventude à minha volta constato que, de fato, pertenço a outra geração, mas gosto dos escritos de todas – especialmente das mais recentes porque o hábito da escrita cursiva vai se rareando e sendo substituída por códigos indecifráveis para os mais antigos… De toda forma viver é um aprendizado e os nossos sofreres geralmente são maiores quando nos deslocamos de nós mesmos numa tentativa frustrada de habitar outras pessoas. Ser centrado não é o mesmo que ser egocêntrico, mas é habitar-se integralmente e ser orbitado por outras naves com afinidades que justifiquem a proximidade. Com o tempo aprendemos a nos afastar dos inúteis, dos párias egoístas e dos sanguessugas interesseiros. Aprendemos ainda a valorizar os detalhes e as pequenas coisas que podem ser somadas no dia a dia e se tornam essenciais na vida. É belo ver a flor que desabrocha e o sol que em sua dança rotineira cruza os céus iluminando a vida e quando ele se esconde – que beleza – surge a lua inocente e benvinda…
A todos os transeuntes virtuais que orbitarem por aqui desejo um Feliz 2010!!!
escuridão
em meio à noite escura
um breu que assusta
e o rugido que ecoa
bem rente à proa
do barco à deriva
sem nada vivo
a morte assombra
na lagoa
o casco toca o barro
e tudo pára
só o silêncio faz barulho
coração em disparada
vento que açoita a mata
e o choro sem dono
do rio em cascata
o tempo é de calor
mas tudo fica frio…
tatos agrestes
unhas pontiagudas surfam minhas costelas despidas
em movimento agressivo com roupagens de ternura
meus gemidos camuflados não ecoam
e os teus sussurros voam na escuridão noturna
ah como buscamos os sentidos
nos quais sempre escondemos
aquele sexto escondido
na penumbra
de um pensamento natimorto
fruto de um momento doentio
que imóvel jaz
no meu sepulcro
antes daquela hora
a derradeira
coroada pelo último suspiro
e enquanto ainda respiro
arfante
aos sonhos indecentes reprimidos
e voltamos aos sentidos
que buscamos
tateando
inutilmente
pela morte pela vida
dessa gente esculpida
nos espelhos, nas areias e nas veias
nestes delírios sem fim…
PS. estes garatujos foram originalmente publicados em minha página do luso-poemas
pensamentos autônomos
Deveria existir uma lente especial para revelar as virtudes das pessoas à nossa volta. Os defeitos são sempre muito evidentes aos nossos olhares críticos – mas mesmo a pessoa que consideramos mais chata terá lá seus pontos positivos. O problema humano é se encher de preconceitos e carimbar aqueles com os quais não se simpatiza com o carimbo de antipático, excluído, carta fora do baralho. Em compensação, endeusamos algumas pessoas que nem sempre merecem tanto devotamento. E assim a vida vai seguindo, mais um ano terminando e um outro que vai surgir em poucos dias. Antes disso o Natal que virou pretexto para um consumismo hedonista e vazio. Luzes piscantes, propagandas, mesas fartas e substituições muitas vezes desnecessárias – o carro tem que ser novo, o celular precisa ser trocado, a câmera antiga já não presta, a própria família é às vezes colocada para escanteio. Quando aprenderemos o valor das pequenas coisas, dos gestos discretos de afeto, da companhia quotidiana dos nossos familiares e entes queridos?! Porque somos quase sempre eternamente insatisfeitos?! Precisamos envelhecer para aprender as realidades mais evidentes e mais simples que realmente fazem a vida valer a pena?! Sofremos tanto por querermos objetivos inatingíveis e geralmente desprovidos de valor real. Melhor se contentar em “ter” menos e procurar “ser” mais! Bem, é só uma espécie de acerto de contas com minhas idéias já que o final de ano é um tempo propício para balanços!!!
Pra quem percorreu estas linhas e chegou até aqui eu quero aproveitar a oportunidade para antecipar meus votos de um FELIZ NATAL!!!
teias de aranha
Antes que comece a juntar teias de aranha virtual aqui neste espaço vou rabiscar alguma coisa em instância de monólogo. O ano acadêmico terminou e quase levou os últimos fios de cabelo que minha cabeça ostentava. Foi o ano mais estressante dos 4 até aqui cursados. Um monte de trabalhos, leitura de livros, estágio obrigatório e a monografia ainda inconclusa. No próximo ano termino, se Deus quiser. Ufa…
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