H@ vida depois dos 60

…com pensamento, opinião e poesia em doses homeopáticas…

palavra em cárcere

A palavra mirou abismada o infinito e desejou ter nascido grito para poder expressar o sentimento massacrado em seu ventre silencioso. Mas se sentia só uma palavra muda que jamais dizia nada e vagava reticente, ocupando ora a mente dos amantes ora o coração dos poetas, também ocupava as almas dos desafortunados, a solidão dos mendigos e a insensatez dos perigos. Em seu grande desconforto, por nunca se ouvir falada – flagrou-se enquanto expressão, palavra sem vocação, palavra desanimada.
Tanto ouvira falar do silêncio – o quanto ele era respeitado apenas por cumprir o seu silencioso papel. Mas ela, a palavra omitida, camuflada, desdenhada – palavra jamais pronunciada, nunca teria o respeito, nenhuma admiração. Só ganharia o muxoxo, pena, comiseração – oh palavra miserável, agora aqui prisioneira – por favor livra meu peito e vê se arranja algum jeito, de ser enfim proclamada…

pensado por Tarciso Comente   

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