Talvez fosse o caso de ficar calado apesar da réplica agressiva que dança na ponta da lingua querendo ser catapultada rumos aos teus ouvidos. Teus olhos lançavam chispas e a minha condenação estava escrita naquele teu silêncio ensurdecedor. Te conheço há muito tempo e sei que as chances de reconciliação são extremamente raras. Bastava dizer a verdade e tudo se resolveria… Mas se é tão óbvio como a todos parece, porque apenas você não vê?! Engulo a reação e nada expresso exceto esse meu semblante abatido que se aniquila para não demonstrar a emoção – o medo de te perder que me assola neste instante.
Eu havia sonhado o teu sorriso e agora vejo a tua ira contida e prestes a explodir. Eu havia sonhado um romance sem fim e o que vejo é o nosso caminho se dividindo em uma encruzilhada irreconciliável. O que eu vou fazer com a minha dor? O que você poderá fazer com a tua própria dor? Aonde e como ficarão nossos rebentos?! Porque você se comporta de forma tão destrutiva e não se concede a menor chance de que eu seja mesmo inocente?!
Mas eu não vou falar de novo – não vou me defender – não há defesas quando a condenação já está decidida! Resta arrumar as malas, resta enfunar as velas, resta partir rumo ao desconhecido amanhã que nos aguarda! Resta-me a mim já não mais ter você!
26
nov
devaneios torturantes do passado
pensado por Tarciso Comente
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