Quando concluí a manobra da curva na estrada e permiti ao volante descansar de sua árida tarefa, percebi que estava ao leme e que depois de cada curva tem sempre uma reta ou, na pior das hipóteses, uma nova curva. As nuvens dançavam no horizonte e mesmo aquelas sobre mim também deviam dançar embora eu não as pudesse ver. Notei o capricho das nuvens espalhando seus desenhos por toda a abóbada celeste. Quis usar esta expressão, – abóbada celeste, – pelo tépido conforto emocional que ela me traz. Me faz lembrar uma redoma de proteção ou quem sabe alguma reminiscência do útero materno. Também percebi que a vida acontece mesmo quando estou de olhos fechados ou quando os fatos me escapam, – afinal – ocupo apenas um discretíssimo ponto no universo. As vezes penso que estou ficando velho mas os meus amigos emendam generosamente e dizem que estou me tornando sábio. Acho que eles tem alguma dose de razão. O que estou pensando e considero estranho é que depois de uma curva pode ter uma nova curva em sentido oposto, caso contrário seria a continuação da mesma curva. Mas depois de uma reta, necessariamente virá uma curva e com isso concluo que as curvas são inevitáveis. E já que as curvas são inevitáveis quero fazer da vida uma espiral ascendente porque há alguma melancolia residual em cada aniversário. É duro pensar que o relógio deu tantas voltas e tudo continua no mesmo lugar. Carrego o sentimento de que com o passar dos anos, o fim vai ganhando uma tangibilidade assustadora e isso reforça a minha tese de que depois da reta haverá sempre uma curva. E haverá também a curva final. Mas isso nem é de todo mal, – e de outra forma, jamais saberíamos o que há do lado de lá, além da última curva…
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