A vida se constrói em camadas de rotina – por vezes sufocante, – e eventuais sobressaltos. Nem todo sobressalto é ruim mas é sempre uma surpresa que de repente e do nada se apresenta, podendo alterar o enredo de uma vida. Não se planeja em detalhes um filho, um amigo, uma perda, uma alegria contagiante ou uma agonia qualquer… Olhando em retrospectiva para nossas próprias vidas encontramos esses eventos como marcas indeléveis na trajetória, pegadas que se esmaecem apenas com o lento e preguiçoso passar do tempo. Aos vinte e um sofri uma perda pessoal irreparável, repentina e impensável provocando uma guinada que alterou meu destino que se delineava aparentemente sem surpresas. O solavanco abalou a família causando a dispersão dos irmãos, cada um procurando o próprio rumo e tecendo em solo sua nova caminhada. Algumas camadas de anos depois a perda vai sendo absorvida – até onde isso é possível, – e novos eventos, uma nova família, filhos, trabalho, novos amigos – a própria passagem do tempo vão cauterizando a ferida e permitindo uma continuidade existencial, o que seria impossível não fosse essa potencialidade humana de superar limites e estabelecer novas metas para seguir vivendo. Mesmo quando somos muito jovens já teremos experimentado eventos impactantes na vida, uns mais outros menos, mas todos já sabemos que eles existem e podem nos sujeitar ao sobrevir alterando planos em andamento ou projetos acalentados. Na infância sonhava ser médico e acabei – muito a contragosto – me tornando administrador. O fracasso do sonho imposto pela realidade, apesar dos pesares, não resultou de todo ruim, afinal estou aqui diante deste monitor – em pleno expediente – expressando em palavras aquilo que houve de superação diante do plano frustrado. Assim é a vida e o que seria dela não fosse a limonada sempre possível a partir de alguns limões. Um post pode nascer assim, fruto da necessidade de fincar um marco no calendário no primeiro dia útil de um novo novo ano para que na sucessão das camadas anuais, lá mais à frente, eu possa me localizar e distinguir a quantas andavam meus pensamentos e humores nesta fase cinqüentenária em que me encontro. Tolices, alguns dirão. Talvez tenham razão, mas de que serviria um blog se qualquer tipo de censura reprimisse a liberdade de expressar sem compromisso pensamentos soltos flutuando ao rés do chão?!… Um dia, quiçá, ainda empreenderão vôos mais elevados… Até lá, deixem que fale, que sinta, que sonhe um sonho qualquer…
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