aproximei os lábios ao cautério
num beijo longo e demorado
unindo as duas partes interpostas
nada restou de voz – vivo calado
aproximei meus olhos do cautério
em masoquista olhar descontrolado
queimou-se córnea e íris – a menina
só vejo as labaredas do passado
aproximei meu dedos ao cautério
numa carícia longa e demorada
uni os cinco dígitos da mão
fugi das manipulações travado
aproximei o peito ao cautério
pulsando um coração descompassado
frigiu numa fusão arrependida
e derramou seus magmas cansados
aproximei a mente ao cautério
num pensamento louco acabrunhado
fundi idéias, derreti o cerebelo
agora arrasto os chinelos desvairado
me aproximei inteiro do cautério
em chamas, brasas vivas inflamadas
me consumi buscando a redenção
mas só restaram cinzas espalhadas
(ps.: texto readaptado do meu original por aqui publicado em 25/05/03)
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