Expandindo o pensamento anterior, quero explicitar melhor outras nuances daquilo que entendo por verdade. Ela é certamente a mais cobiçada virtude que almejo e cultivo. Entretanto engloba também meus segredos, sem os quais a privacidade – outra exigência vital – seria impensável e impossível. Não deixo de ser verdadeiro quando omito uma ou mais facetas da minha personalidade – especialmente quando não gosto delas ou quando a hipocrisia social as tem por condenáveis. Tenho impulsos, tendências, prepotências e mazelas em relação às quais não teria sentido sair por aí fazendo propaganda. Além daquelas coisas que definitivamente não convêm expor e revelar, existem defeitos para os outros que para mim são virtudes, mas que as regras da boa convivência recomendam que não se as propague, porque, admito – e é verdade, – aspiro também a aprovação social. Um exemplo é quando se tem consciência de possuir determinada qualidade sobre a qual em momento algum se deve pronunciar a respeito porque há uma convenção de que elogio em causa própria é vitupério. Não ficou claro?! Então deixa pra lá… mas é mais ou menos isso. Ser verdadeiro, pois, para mim, não significa viver virado ao avesso arrotando verdades inconvenientes. Ser verdadeiro é uma coisa interna que interessa ao indivíduo como pessoa e que, evidentemente, se torna manifesto em suas atitudes exteriores. Por isso, embora tendo um perfil mais transparente que misterioso, sei respeitar e conviver muito bem com os segredos – os meus e os alheios.
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