O cachorro abana o rabo e nisso reconhecemos a sua alegria. Os humanos sorriem e reconhecemos que estão alegres. As hienas sorriem e isso não nos garante saber qualquer coisa sobre elas…
cada dia diferente
A identidade é única tanto para a celebridade quanto para a figura mais anônima. Dentro da cabeça os pensamentos fervilhantes dão algum contorno ao que somos mas os que nos veem de fora não tem a menor ideia sobre as loucuras imaginativas de que somos capazes. Pensamos também em uma linha lógica cartesiana – e é o que garante a sobrevivência prática de cada um. Um bom tempo diário dedicamos a estas atividades mais comezinhas que fazem parte da nossa rotina. A repetição pode gerar o enfado, o tédio e até mesmo a preguiça e acomodação. Mas lá no fundo da espiral dos pensamentos – em algum momento – irrompe num lampejo um impulso criativo, uma insanidade saudável que nos faz retomar algum equilíbrio. Caminhamos dia-a-dia, ouvimos burburinhos, notícias boas ou ruins, tragédias e alvíssaras que passam ao largo de nós. Algumas nos emocionam, nos impulsionam, nos desinstalam. E nessa malemolência existencial avançamos em idade e quiçá em maturidade porque o tempo passa sem pedir licença e permanecendo inevitavelmente e sempre em nossa própria presença também avançamos porque é impossível permanecer no mesmo tempo e lugar. E assim a vida segue o seu roteiro, até que se possa vislumbrar o ponto que transgride o tempo e nos projeta no eterno que há de ser doce, suave e pleno de harmonia como longamente o esperamos.
mediano
.
começo meio fim
começa meio assim,
um tanto ensimesmado,
mede com medo, afina…
enfia a viola no saco,
ensaca a farra e cala,
cola a manha amanhã talvez
onde andarão vocês
que mimetizam
imitam em meio
ao modo inicial
o fim que permeia
o verso final…
saudade confiante
Não sou saudosista. Definitivamente, não. Mas em alguns dias eu tenho vontade de arrancar o passado de algumas gavetas da memória e trazer seus acontecimentos de novo para a vida real. Sentir os mesmos cheiros, degustar os mesmos sabores, visualizar as mesmas cores e reexperimentar os mesmos abraços e beijos que me encantaram. Quem sabe se então eu pudesse evitar alguns caminhos duvidosos que escolhi, algumas companhias suspeitas que acolhi, algumas condutas malsucedidas que empreendi.
O presente então não seria perfeito – com certeza, – talvez nem fosse mesmo melhor do que já é, mas eu teria menos motivos para olhar em retrospectiva com estas doses de culpa que às vezes me assediam. De toda forma, em qualquer ponto da minha trajetória existencial – passado ou presente – a perspectiva que sempre tive e tenho em relação ao futuro costuma ser vibrante quanto às cores e cálida quanto às sensações e experiências. Enquanto viver e puder – me vejo nadando em braçadas de otimismo porque trago a fé por conselheira e tenho em Deus meu abrigo perfeito!
Rumos
O calor ou o frio são circunstâncias sazonais, assim como a umidade ou o ar seco. Ocorre fora de nós. As turbulências interiores são as que de fato contam e que podem nos arremeter para situações inusitadas. Daí as superações e até mesmo a coragem para enfrentar com maior garra as intempéries exteriores. Uma destas intempéries na vida é a miséria econômica. Quando temos notícia de uma pessoa querida que dela padece, sentimos o impacto dessa circunstância mas, ao mesmo tempo, nos sentimos impotentes para realizar uma efetiva ajuda. O paliativo que podemos oferecer não vai resolver a situação porque a pessoa tende a prosseguir em uma rota aleatória e despida de projetos sólidos com que pudesse orientar seus passos pela vida. Difícil construir uma trajetória minimamente bem sucedida sem esboçar um planejamento que abranja as instâncias de curto, médio e longo prazo. O que acontece no hoje é basicamente um desdobramento de situações concatenadas nas décadas anteriores da vida. É preciso direção, meta. É preciso seguir uma rota previamente estabelecida, ainda que só venha a ser efetivamente conhecida na medida em que se vai fazendo o caminho. É necessário ser forte, é preciso ter um norte…
sutil presença
Da esquina o meu olhar vazio não via, mas você podia ser vista dali. As lembranças do lugar e a decepção com as mudanças me fizeram mergulhar na solidão tendo você ao lado. A minha sorte foi a sua paciência infinita, seus mimos e afagos a me despertarem e despertarem e despertarem novamente para a vida. Sua presença tem sido a minha garantia e sei que você sempre esteve e sempre haverá de estar por ali…
dia após dia
Tenho sempre dois ou três objetivos cruciais que persigo a cada dia. Renovo-os a cada 24 horas, quer os tenha atingido ou não. Isso me mantém vivo e motivado. Se penso em todos os problemas a resolver ao mesmo tempo sou engolido pelo desânimo e a montanha cresce demasiadamente à minha frente. Descobri que sempre teremos questões a resolver, mas descobri também que são estas questões que dão algum sentido à rotina às vezes massacrante do nosso dia-a-dia. Um dia após o outro as coisas vão lentamente se encaixando se vivemos da melhor forma que podemos um dia de cada vez…
grito de gol
.
o meu sistema binário
novamente se desfez
e nos planos do futuro
tornei-me a bola da vez
sobrou o zero mermão
que nada significa
pelo sim e pelo não
minha vida simplifica
alguns se decepcionam
com o pouco que sobrou
mas pra mim é suficiente
a bola, o chute e o gol…
Política, políticos e politicagens
Em períodos eleitorais os políticos são submetidos ao julgamento dos eleitores que podem elegê-los como seus mandatários ou condená-los ao ostracismo dos “sem mandato”. E dentre os políticos, para aqueles que são colocados no banco dos réus da História existirão advogados de defesa procurando provar sua inocência e os promotores que buscam condená-los. Se no vagaroso Tribunal da História só há um juíz, a própria História, no célere tribunal da urna eleitoral a sentença cabe exclusivamente ao eleitor.
A máxima que sempre adotei para as pessoas em geral, é que todos são dignos de confiança até provarem o contrário. Mas para os políticos, em particular, minha máxima se inverte: desconfio de todos até que me provem serem dignos do meu voto de confiança. E a cada eleição o processo se renova porque geralmente a confiança depositada já se esvaiu completamente…
ferrugens do tempo
É instigante pensar que a vida se renova matando o tempo e tudo o que ele toca. O tempo é como um Midas às avessas. A ferrugem, as rugas, as ranhetices, tudo vai se implantando conforme o tempo passa. Enquanto isso, de prenhez em prenhez vão surgindo novas pessoinhas a ocupar espaços envelhecidos e os rejuvenescendo e fazendo com que o brilho da sua meninice e juventude substitua a opacidade antiga. O processo todo se preenche de prazer e dor, num balanço contínuo a revelar os prós e contras do existir. Para alguns o prazer é a instância dominante e a vida é feita majoritariamente de sorrisos, mas para outros o martírio do sofrer parece o seu destino e aí a força de um mistério indecifrável nada mais nos deixa conhecer.
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