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estilhaços de pensamentos sobrevoam mentes vazias
estampidos imaginários pipocam minha cabeça oca
se ouvem os ruídos do silêncio tenso feito um estilingue
breques de samba e de caminhões enferrujados
bastiões encastelados vão evoluindo na avenida
um louco, um mendigo e um transeunte empertigado
e o bumerangue do tempo em eternas repetições…
fim de tarde e o dia já adormece na boca da noite
para que dragões despertem em nossos sonhos
e o mocinho bandido roube princesas do castelo
não há visão nesse olhar tão doentio
nada de brisa ou temporal neste embornal vazio
só estilhaços dos meus pensamentos mais sombrios…
estilhaços
palavras soltas ao vento
.
Debaixo das pestanas os cílios se flagelam impunemente nas horas de vigília, algo que o par de olhos normalmente já não vê.
Entre o certo e o errado tem o errado em cima do muro.
Embora tenha uma identidade, sou um cidadão anônimo.
Quando cito alguém, a menção aparece entre aspas. Quando me cito me sinto no direito de não declinar a fonte.
Não me provoque se não quer desfrutar da minha ranhetice.
Quando sinto raiva daquelas de babar, até eu saio de perto de mim.
A vida só será longa para quem souber rir e se espreguiçar.
O pensamento pode ser um réptil de movimentos aleatórios que não dorme em arapucas.
O homem sucinto não perde o tempo dos outros.
Só quem tem a mente árida vive reclamando do tempo seco sem ir atrás da água para se molhar.
Todos os fantasmas se expressam na escuridão. E se há vários tipos de fantasmas é porque também há mais de um tipo de escuridão!
Perder faz parte do jogo. Mas só a vitória é doce!
Avançar na vida não significa necessariamente sair do lugar em que se está.
Também há vantagens na ignorância embora o ignorante ignore.
Que a gente goste ou não, o tempo passa sem pedir licença.
Quem pensa que é muita coisa, geralmente não é nada, mas quem pensa que é nada, raramente se engana.
Enquanto uivam os ventos, nós, os lobos não dormimos.
Vivo no agora experimentando o presente mesmo que as coisas boas do presente precisem ser resgatadas em algum lugar do passado.
(Algumas frases aleatoriamente reunidas de minhas publicações esparsas no Facebook)
luz & sombras
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Minha sombra me assombra
todo dia de noite.
Nunca enquanto ainda é dia
e a luz do sol alumia.
No pesadelo da escuridão da noite
sonho a alvorada despertando
ao ciclo de um novo dia…
meu coração completa um mês de parceria
Hoje faz um mês que recebi o implante de um marcapasso cardíaco para corrigir um problema de bradicardia (batimentos lentos) causados pela doença de chagas que me acomete desde a infância. Até agora estou muito satisfeito com o resultado pois não sinto mais o desconforto das palpitações. A cicatriz do local do implante é mais discreta que eu imaginava que seria. Quando caminho em subidas ainda sinto uma sensação diferente no peito, como se estivesse sob o efeito de uma suave descarga elétrica, mas isso deve ser consequência da cicatrização interna e é um desconforto mínimo. Acho que já estou em condições de dirigir de novo. Agora tenho que resolver o problema do carro porque arriou a bateria depois de todo esse tempo sem uso…
lapsos
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muitos pensares à minha volta
muitas voltas, muitos pesares
apesar de tudo voleio meu olhar
vejo o que não está no espelho
lábios vermelhos
a lágrima pingente
e um ponteio de viola
ouço a cor do teu silêncio
sinto muita falta
sinto muito
faltei mil pontos…
pilhagem
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das palavras cortantes
me esqueci – ou finjo…
só lembro o que perdi
pois feito ave de rapina
num súbito rasante pilhaste
algumas migalhas preservadas
naquele solo mais sagrado
pequenas centelhas de mim
(publicado originalmente em 18/02/2005)
nexo desconexo
Temos direito a alguns rompantes na vida. Pretensioso, diraõ. Talvez. O meu pensamento é feito um parafuso que roda confuso e sem fuso. Anacrônico. Sincronizo teus passos e te persigo de perto. Por certo sempre soubeste que sou e ajo assim. Não valho grande coisa para você. Também não para mim. Minha autoestima é oscilante. Tenho dias de lixo e outros de diamante. Alguém deve me podar, me cerzir, me cozinhar no banho maria. Ainda assim eu quero o teu abraço aconchegante no qual prevalece o silêncio e o calor da tua pele…
atualização sobre o marcapasso
No dia 28 de junho, uma quinta-feira, me submeti ao implante do marcapasso. O procedimento foi bem sucedido, graças a Deus e ao Dr Tavares. Pernoitei no hospital e no início da tarde de sexta-feira tive alta e pude ir embora para casa. Salvo dores incômodas mas suportáveis no braço direito, lado onde foi feito o implante, e alguma dificuldade de encontrar a posição mais confortável para dormir, tudo o mais foi se adequando perfeitamente. Depois de 15 dias desde o implante, hoje voltei ao médico para uma avaliação nos parâmetros da configuração do marcapasso. Na programação inicial não havia sido ativado o sensor para responder às exigências de aceleração do ritmo cardíaco em caso de esforço e isso, em duas ou três ocasiões, quando tive que subir a rua de casa para chegar até a avenida gerou algum desconforto e uma espécie de ardor no centro do peito. Hoje isso foi revisto e o sensor ativado para que, em circunstância de exigência maior, o ritmo acelere segundo a demanda. O dr. Tavares me informou que devo voltar para nova consulta de revisão do marcapasso dentro de 30 dias e que algumas coisas da rotina podem ser retomadas. Dirigir só depois de 40 dias da data do implante, esforços físicos intensos depois de 90 dias. Bem, deixo o registro de modo especial para que eu mesmo possa fazer memória desse momento existencial significativo em que tive a oportunidade de corrigir um problema de natureza elétrica que acometia a função dos meus batimentos cardíacos, lentificando-os cada vez mais. Com isso espero recuperar a qualidade de vida arranhada pelo desconforto das “palpitações” derivadas da bradiarritmia.
Bem, estas são as notícias principais de atualização do evento “implante de marcapasso”…
Marcando passo (coisas do coração)
Meu coração precisa de ajuda. Calma, não há nada em especial que meus amigos possam fazer por mim. O que ele precisa é de de um dispositivo eletrônico – um avanço da medicina conhecido como marcapasso. A doença de Chagas, da qual sou portador desde a infância, acometeu a parte nervosa responsável pela condução elétrica do coração. Isso prejudica o trajeto dos impulsos desde o átrio até o ventrículo para provocarem as contrações regulares que bombeiam o sangue, irrigando o próprio coração e o organismo como um todo. Com isso, meus batimentos atualmente ficam na faixa de 40 a 50 por minuto, sendo que o normal seria de 60 a 100. A demora entre um batimento e outro geralmente provoca o aparecimento de extrassístoles ou batimentos ectópicos que são percebidos como “palpitações”. E são estes sintomas mais ou menos desagradáveis que acabam levando o paciente ao médico para tentar descobrir suas causas e o tratamento.
Do ponto de vista anatômico, estrutural e funcional, meu coração não tem qualquer outro comprometimento além dessa insuficiência de condução elétrica.
Assim, basta regularizar o ritmo cardíaco, algo agendado para uma data próxima do final de junho. Nessa ocasião vou me submeter ao implante de um marcapasso bicameral constituído de um gerador e dois cabos eletrodos que substituirão a “bateria” elétrica que está alimentando precariamente minha bomba cardíaca. Em princípio não é uma cirurgia complexa e 24 ou 48 horas após o implante já devo voltar para casa e convalescer durante uns 30 dias. Como em julho estarei de férias do Mestrado e da outra pós-graduação, em nível de especialização que estou cursando, quis usar essa janela de oportunidades para fazer o implante sem prejudicar minhas atividades acadêmicas.
Tenho confiança na proteção divina e também na incrível força da amizade. E aí sim, meus amigos também poderão ajudar. Os crentes, como eu, com suas orações, mas também os que não crêem, que com suas mentes amistosas podem emitir vibrações favoráveis.
Depois do procedimento, que espero me permita recuperar o ritmo certo, farei um novo post para informar como ocorreu a intervenção.
Conto com todas as torcidas!
força vulnerável
…
o olhar dança e balança
fora e dentro de mim mesmo
a pele como intermédio
e o coração que pulsa
ora acelerado ora lento
enquanto a mente ora
e as mãos frias percorrem as contas
do rosário, do crediário
dos delírios matutinos
do martírio quotidiano
entre o sagrado e o profano
navego o dia
ancoro a noite
e deslizo pela vida
mais ou menos…
buscando sempre um motivo
pra sorrir e não chorar
tenho fome de entusiasmo
porque os medos espreitam
o eternamente vulnerável
que fui
que sou
que serei (?!)
até aonde não sei…
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