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teu olhar tem vibrações
difíceis de decifrar
camuflado em sobrancelhas
lá no fundo permanece
feito um lago de mistérios…
sua luz límpida e triste
lampeja por um instante
em meus olhos a mirar
mas só vejo tuas pálpebras
sem hipótese de entrar…
olhar hipotético
predador e presa
.
o réptil serpenteia
e espreguiça no asfalto
evoluindo volteia
voraz olhar de rapina
fita a presa que vagueia
e o sangue da jugular
ganha alforria da veia
um caminhão se aproxima
tomando a vida de assalto
o pisa e passa por cima
só mais um drama no asfalto
e buzinando se vai
enquanto o sangue se esvai
sujeitando o predador
à sina de sua presa…
ressaca eleitoral
Hoje o Brasil inteiro se debruça sobre as urnas para decidir uma direção para seus 4 próximos anos. Eu – voto perdido segundo todos os institutos de pesquisa – já votei e já voltei para casa. Essa campanha não ajudou ao eleitor porque os candidatos preferiram denegrir um ao outro a apresentar as suas propostas. Pelo bem do país, que quem vencer aja com honestidade de princípios e corresponda aos anseios de seus eleitores. E que o cidadão brasileiro possa retomar a rotina de sua vida, sem deixar de ser fiscal dos atos dos seus delegados – em todos os níveis dessa delegação.
arritmias
.
cárdio compasso arritmado
numa alternância imprevisível
de hora em hora
ou toda hora
ora célere ora lento
sem os unguentos
e acalantos
aquebrantado
alquebrado
pelo menos durante dois momentos
até a página virada…
louca lucidez
Me sinto preso por um cordão invisível e elástico. Por estas características ele não se me afigura tão mau – ninguém o vê e a restrição que me causa não é absoluta. Entretanto, de vez em quando, por tensionar demais os limites sinto-me repentinamente puxado para o meu atávico ponto gravitacional. Estique um elástico e depois o solte para compreender a ideia. Nisso me sinto fadado a patinar patinar e inevitavelmente voltar sempre ao mesmo ponto primordial dos meus defeitos, das minhas virtudes, dos meus desejos insaciados e das loucuras da minha lucidez. Não quero me esquecer que amanhã haverá eleição em diversos níveis e espero que meu elástico não esteja tenso ao ponto de impedir meu exercício de cidadania. Que o nonsense desta loucura sazonal não ultraje minha lucidez, não inviabilize a ortodoxia dos meus atos e nem estimule um pessimismo que jamais foi meu. Não de novo, não ao menos desta vez…
notas setembrinas
Setembro é um mês particularmente agradável para a minha percepção afetiva. Entre as suas múltiplas nuances ele marca o início da primavera remetendo aos aromas adocicados e exóticos da nossa flora ainda mais exuberante nesta estação. O clima se torna ameno com dias quentes e noites agradáveis para o usufruto de um sono reparador.
Hoje é o último dia deste mês de natureza tão vivaz e eloquente e isso se faz pretexto para que a minha escrita acorde por instantes de um sono letárgico e preguiçoso.
Todas estas camadas exteriores em tons otimistas afetam positivamente as camadas interiores da alma fazendo iluminar sorrisos espontâneos e lembranças acalentadoras na memória afetiva da história de cada ser humano. Bem, ao menos daqueles que como eu tem essa predileção pelos setembros que se repetem a cada período de 12 meses.
Setembro está terminando e já me sinto adentrando em clima de saudades deste mês…
astro rei

Résteas de sua luz atravessam a grade protetora formada por combalidas árvores centenárias e invadem o recinto desrespeitando também a fragilidade translúcida das vidraças. O sol brilha lá fora… Já repeti essa frase milhares de vezes mas o astro rei não se abala à esta constatação – apenas brilha. Também não se amofina quando seu calor emanado fica abrasante demais ou quando a claridade que emite nos ofusca os olhos.
A luz que entra pela janela… tema recorrente e impertinente. Afinal a luz e as sombras não se cansam de alternadamente lamber a nossa pele – o que nos faz envelhecer – embora ao pretexto desgastado de que é o passar dos anos que torna isso inevitável.
Mais de vinte mil dias já vivi e destes, noventa por cento foram bastante ensolarados porque as sombras mais densas chegam só ao anoitecer. Estranho, portanto, a palidez branquela da minha pele – é que mesmo idolatrando a sua luz, fujo a qualquer custo da exposição inglória às inclemências do seu tórrido calor.
E como brilha o sol nesta manhã!…
Tenho estado muito envolvido com a rotina acadêmica – estou praticamente chegando ao final do último entre os dez semestres de duração desse longo curso. Já passei pelo estágio e pela monografia, falta agora a preparação para o famoso exame De Universa – obrigatório para quem quer fazer qualquer pós graduação e eu quero ingressar no mestrado para dar aula mais tarde…
Isso faz com que este espaço bloguístico esteja um tanto quanto em segundo plano. Falta-me inspiração para a poesia, a crônica, o conto… Espero que isso seja apenas temporário e que depois eu possa voltar com maior motivação e criatividade.
Espero!
gratidão
Em meu primeiro pensamento matutino manifesto gratidão pelo dom de ser e existir. Há um mundo infinito à minha volta e um universo em construção que trago em meu interior. Penso nas incógnitas que são a minha origem e destino, penso nos meus tempos de menino e na ancianidade que se aproxima. Penso nas pessoas que sorriem para mim e naquelas que riem de mim. De qualquer modo quero ter e provocar alegria, gostaria de ostentar eternamente alguma juventude e amiúde me flagro a sonhar com o futuro do passado – aquilo que eu desejava ser um dia… Graças a Deus, apesar das mazelas, creio que consigo chegar lá… e por isso sou agradecido!
vivendo agora
Me dei conta – na verdade sempre penso nisto – que a linha do tempo é uma sucessão interminável de muitos “agoras” que se nos apresentam como os únicos momentos sobre os quais podemos atuar diretamente. O momento passado e o próximo instante – ambos estão fora do nosso controle, um por já ter passado e o outro por ainda não ter chegado. Mas mesmo o agora é dinâmico demais e impossível de ser retido, e assim se vai passando de agora em agora os momentos que vão se transformando em passado, como o rolo de um filme que vai se cumulando de camadas enquanto um novo agora é repetidamente aguardado. Entre angústias e aflições, alegrias e ilusões, ansiamos pelos bons momentos e cravamos no único instante vivido de cada vez, toda a nossa expectativa em vivenciá-lo como um momento digno de ser eternizável e que torne definitivamente feliz a nossa trajetória – uma verdadeira vida bem aventurada.
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